quinta-feira, novembro 30, 2006

Hipocrisia Nossa de Cada Dia

"Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles; de outra sorte não tereis recompensa junto de vosso Pai, que está nos céus.
Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará." Mateus 6:1-5


Outro dia li esse texto e fiquei pensando em como mudamos quando estamos na frente de outros cristãos. Como mudamos sem perceber quando estamos com o pessoal da igreja. Quem tem o mesmo temperamento quando está sozinho ou em casa e quando está com os amigos da igreja?
Esse texto nos orienta a exatamente isso: não fazermos boas obras diante dos homens.

Seguindo o versículo, vemos a orientação para não usarmos de vãs repetições quando orarmos (vers. 7). Novamente pergunto: oramos da mesma forma sozinhos e acompanhados? Até que ponto a presença de alguém influência nossa forma de orar? Mas não é para Deus?

Interessante como algumas coisas já parecem normais em nossas vidas mas quando iluminadas pela Palavra de Deus fica claro que estamos agindo erradamente.

Minha oração é que eu possa fazer boas obras com intenção única de agradar a Deus e não a qualquer outro ser. Que o Senhor Jesus me livre de toda forma de hipocrisia.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Mudanças

Depois de mudar várias vezes meu modelo de blog, cheguei a uma conclusão: o primeiro era muito melhor. Fiquei testando outros mas nenhum me agradou. Demorou um pouco mas consegui voltar ao bom e velho modelo...

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Hoje completo 26 anos de vida. Foi e está sendo um ano de muitas mudanças: me tornei calvinista, me tornarei farmacêutico e, se Deus quiser, me tornarei mestrando.
No ano que vem, mais mudanças: me tornarei um com a mulher mais graciosa e maravilhosa que Deus criou. Agradeço a Deus pela minha noiva.
Agradeço também pelas mudanças que Ele operou em minha vida e há de operar mais ainda esse ano(uma vez que o processo de santificação continua).
Espero em Deus que nesse próximo ano eu cresça mais na graça e no conhecimento do Senhor Jesus e seja mais útil a cada dia em Sua obra. Essa é a minha oração.

quinta-feira, outubro 12, 2006

A Heresia do Outro

Depois de algum tempo parado com relação ao blog, volto a ativa.
Sempre que posso leio os textos do
Temporas , do Nagel e do Juan, que me levam a ler outros blogs, quando tenho tempo...
A alguns dias havia lido um texto do Nagel criticando um artigo do Gondim, o que me fez ler esse texto, me irritar de novo com sua teologia e acessar um link do blog do Ed Kivitz. Depois de muitas voltas, cheguei onde queria: se o artigo do Gondim me incomodou mais ainda o blog do Kivitz!! Na época me indomodei mas, sem tempo, tive de me conter.
Minha alegria foi que outras pessoas não se calaram: vejam o artigo da Norma e do Nagel (que também linka os blogs da Norma e do Scordamaglio).
Mas vamos aos fatos: para o Kivitz não existe céu e as pessoas são salvas sem a necessidade de conversão a Cristo. Além disso ele parece concordar com o Gondim sobre a inexistência da soberania de Deus.
Me pergunto como podem esses dois serem ainda pastores de igrejas. Como o Kivitz afirma tão abertamente tais heresias e continua a frente de uma igreja...
E essa obsessão com o outro (comentada pela Norma) do Kivitz... "Outro Deus", "Outra Espiritualidade", outro céu...

Termino dizendo que o apóstolo Paulo também falou de outro:

"Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema." Gálatas 1:8.
Me abstenho por enquanto de maiores comentários.

terça-feira, agosto 08, 2006

Eu só posso imaginar

Ouvi essa música hoje e me deu vontade de divulgar a letra.
O nome da banda é Mercy Me.

I Can Only Imagine - Mercy Me

I can only imagine
What it will be like
When I walk By your side
I can only imagine
What my eyes will see
When your face
Is before me
I can only imagine
[Chorus:]
Surrounded by Your glory, what will my heart feel
Will I dance for you Jesus or in awe of you be still
Will I stand in your presence or to my knees will I fall
Will I sing hallelujah, will I be able to speak at all
I can only imagine
I can only imagine
When that day comes
And I find myself
Standing in the Son
I can only imagine
When all I will do
Is forever
Forever worship You
I can only imagine
[Chorus]
I can only imagine [x2]
I can only imagine
When all I will do
Is forever, forever worship you

domingo, agosto 06, 2006

Marcas da vida de um neonato

"Ah, nós que ainda nos chamamos de cristãos, somos todos, do ponto de vista cristão, tão mimados, tão distantes daquilo que o Cristianismo realmente requer dos que querem se chamar de cristãos - mortos para o mundo - que raramente alcançamos esse grau de ardor”.- Sören Kierkegaard

O que é ser cristão? Se fossemos responder essa pergunta certamente responderíamos que é crer na morte sacrificial de Jesus Cristo na cruz do Calvário em favor de pecadores, Sua ressurreição em corpo físico bem como Sua natureza divino-humana durante a encarnação.
Penso que esse é o consenso entre os auto denominado evangélicos brasileiros.

Mas se levarmos em conta o que a Escritura afirma na primeira carta de João: “Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não é de Deus, nem o que não ama a seu irmão”.(1João 3:10)
O apóstolo vai mais além: “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte”. (versículo 14 do mesmo capítulo).
A prática da justiça e o amor ao próximo são marcas do novo nascimento. Ele reforça ainda que sabemos que passamos da morte para a vida se amamos aos nossos irmãos.

Alguém pode imaginar que esse amor se refere a um sentimento mas na maioria, senão sempre, que o Novo Testamento se refere a amor, está se referindo a atitude. “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos”. (João 14:15)

Creio que a pergunta que devemos fazer é: eu tenho amado como a Bíblia ordena que eu o faça?
Quando preciso ouvir aquele irmão meio chato da igreja, tenho parado para ouvi-lo por amor a sua vida ou tenho deixado de lado?
Quando vejo uma pessoa nova na fé querendo aprender mais da Bíblia, eu abro mão do tempo que passaria sozinho, com amigos ou namorada e vou discipular a pessoa ou deixo para outros fazerem.

Vou além, o que fazemos quando algum mendigo entra em nossa igreja fedendo e com mau hálito? Recepcionamos o mesmo? Damos algo para ele comer? Encaminhamos o mesmo para algum abrigo cristão se esse for o interesse dele ou deixamos outra pessoa se preocupar com isso?

Note que João vai mais além: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e nós devemos dar a vida pelos irmãos. Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitando, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus?” (1 João 3:16, 17)
Devemos dar a vida por nossos irmãos. Mas como dar a vida pelo irmão que eu nem “suporto em amor”? Às vezes, não queremos nem nos aproximar de determinados irmãos, o que dirá de dar a vida por eles?

Será que temos de fato vivido como cristãos verdadeiros?
Temos demonstrado com nossos atos que somos Dele?
O que é isso que temos vivido e chamamos de cristianismo??
São muitas as perguntas pois a intenção é mesmo a reflexão.
Penso que a alegria do servo é a agradar a seu Senhor.

Basta de teoria sem prática, de teologia sem Vida, de muito discurso e pouca ação. É preciso que as pessoas nos olhem e vejam mais do que um grupo de pessoas com regras mas vejam sim pessoas que procuram agradar a Deus em tudo, inclusive na prática do amor ao próximo. Na atenção ao necessitado, no amparo aos idosos.

Obvio é que a prática de boas obras não nos levará ao céu mas, deveria ser normal para o homem regenerado ajudar o irmão que precisa de ajuda e infelizmente não é isso que observamos na maioria de nossas igrejas.
Ouvi uma vez que Gandhi dizia que queria fazer o que os cristãos pregavam mas não fazer o que eles faziam.

Visto que a santificação é um processo inevitável na vida do verdadeiro cristão, que possamos buscar a prática do amor ao próximo (essa afirmação é redundante pois o amor é ação a meu ver).
“A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo”.Tiago 1:27
PS: me desculpem o tom de desabafo do texto.

quinta-feira, julho 27, 2006

MANIFESTO PROTESTANTE

À sociedade brasileira,
Nós, membros do grupo de discussões Cristãos Reformados, evangélicos de várias confissões protestantes, por meio deste manifesto, expressamos publicamente a nossa indignação quanto ao recente escândalo da "CPI dos Sanguessugas" que envolve parlamentares da bancada evangélica. Como cidadãos brasileiros e como cristãos é com tristeza e vergonha que lamentamos a falta de ética e os pecados da mentira, cobiça e furto desses que estão sendo investigados por corrupção. Tais fatos são um desrespeito a cada brasileiro e uma afronta à nossa fé e a Deus – cujo Nome esses parlamentares carregam. Pedimos às autoridades competentes que exerçam , com justiça e responsabilidade, a punição dos indiciados. Esperamos também que, com o mesmo rigor, sejam disciplinados em suas igrejas.
Por isso, é preciso que a sociedade brasileira tenha conhecimento de que muitos dos herdeiros históricos da "Reforma Protestante" não observam passivamente essas denúncias e nem aprovam a prática desonesta na política de qualquer cidadão – muito menos quando ela ocorre pelas mãos de evangélicos deste País. Vários de nós, como os integrantes deste grupo, não só protestamos contra o baixo nível ético que assola a nação, como também ficamos perplexos pela falta de compromisso doutrinário e espiritual com os princípios cristãos que presenciamos nas igrejas evangélicas brasileiras.
Lamentamos que, assim como o cristianismo do século XVI estava em decadência, manchado pela imoralidade de seu clero, escândalos de simonia, venda de indulgências, sede de poder, distorção doutrinária e podridão espiritual, as igrejas evangélicas brasileiras padeçam, hoje, de males semelhantes ou até piores que aqueles. Contra isso levantamos o nosso protesto, fundamentados nos cinco pilares da Reforma Protestante: Sola Scriptura, Solo Christo, Sola Gratia, Sola Fide e Soli Deo Gloria. Esses princípios divinos são extraídos das Sagradas Escrituras e denunciam a falta de temor a Deus, o caos ético e moral, e o vergonhoso procedimento de igrejas e líderes evangélicos presentes em nossa sociedade.

1. Sola Scriptura – somente pela Bíblia

Protestamos contra o abandono da Sola Scriptura. Reafirmamos que somente a Bíblia deve ser nossa única regra de fé e prática, a "carta magna" dos evangélicos. Assim o fazemos pois cremos que Deus é seu Autor. Hoje, muitos evangélicos pregam, não a Bíblia, mas o personalismo, o materialismo, o curandeirismo, o profetismo, a auto-ajuda e o misticismo. Tudo isso escorado em falsas visões e revelações, as quais contradizem o ensino claro da Palavra de Deus. Protestamos contra todo tipo de bispo, apóstolo, pastor que colocam sua palavra no mesmo grau de autoridade da Bíblia. Protestamos ainda contra a falta de incentivo dos líderes em estimular os leigos à leitura da Bíblia, criando, assim, um ambiente que permita o questionamento e o aferimento dos ensinos e do modo de vida da própria liderança.

2. Solo Christo - somente por Cristo

Protestamos contra o abandono da doutrina do Solo Christo. Reafirmamos que a salvação de cada homem ocorre somente por meio da obra infalível de Jesus, o Cristo. Muitas igrejas evangélicas brasileiras não mais anunciam "somente Cristo", mas sim a salvação mediante exorcismos, dízimos e uma obediência cega aos líderes, os quais, na verdade, são falsos mestres que, pregando a si mesmos, adicionam outras obras como necessárias à salvação. Assim, por sórdida ganância, enganam o povo. Essas mazelas no meio dos cristãos já foram profetizadas pelo próprio Messias, como bem demonstram os Evangelhos e as epístolas de Paulo, Pedro e João. Somos bem-aventurados quando perseguidos somente por causa de Cristo, mas jamais pelo mau testemunho dos cristãos evangélicos.

3. Sola Gratia – Somente pela graça

Protestamos contra o abandono da doutrina da Sola Gratia. Reafirmamos que é Deus, somente por sua graça, Quem vai ao encontro do homem para salvá-lo. Protestamos contra as mais variadas barganhas em troca de favores divinos. Protestamos contra um "evangelho" antropocêntrico, centrado no homem. Protestamos contra uma igreja que se preocupa mais com o marketing e outras formas de agradar sua clientela, do que proclamar a simples mensagem da maravilhosa graça por meio de Cristo Jesus aos pecadores. Protestamos contra a pregação de uma graça barata que não fala do arrependimento dos pecados e da necessidade do poder transformador de Deus para viver a vida cristã. Protestamos contra quaisquer outros meios estranhos aos ensinos das Escrituras para a obtenção da salvação ou qualquer outra graça.

4. Sola Fide - Somente pela fé

Protestamos contra o abandono da doutrina da Sola Fide. Reafirmamos, neste nobre estandarte do protestantismo, o ensino da justificação do homem somente pela fé, e não por meio de quaisquer obras. Assim cremos, pois a Bíblia afirma não haver obra humana capaz de cobrir o pecado. A fé, pura e simples em Jesus, é suficiente porque a Sua obra é suficiente para salvar o pior dos pecadores. Protestamos contra a ressurreição de novas formas de indulgências que obscurecem a salvação somente pela fé. Exemplo disso é a compra de "objetos abençoadores", aquisição de produtos ungidos e pregação de fórmulas de prosperidade financeira e emocional. Protestamos contra coerção para a entrega de bens e dinheiro, abusando da boa fé e ingenuidade dos fiéis que, assim, tornam-se presas de lobos disfarçados de pastores. Protestamos contra o abandono do princípio de doações voluntárias segundo o exemplo do livro de Atos dos Apóstolos e a recomendação da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios . Protestamos contra as igrejas evangélicas que associam a salvação à qualquer observância de regras extrabíblicas que não podem salvar o homem de seu pecado e muito menos conduzi-lo verdadeiramente a Deus.

5. Soli Deo Gloria – Somente para a glória de Deus

Acima de tudo, protestamos contra o abandono da doutrina da Soli Deo Gloria . Reafirmamos que toda glória seja dada somente a Deus. Protestamos contra evangélicos que glorificam suas próprias obras, suas igrejas, seus templos, seus líderes e seus fiéis, mas não glorificam com suas vidas ao Deus Único e Verdadeiro. Protestamos contra aqueles que quebram a Lei de Deus, especialmente os Dez Mandamentos, para executar sua própria lei, roubando, mentindo, enganando a sociedade brasileira e maculando o sublime nome de Cristo do qual afirmam que são discípulos. Protestamos contra a prática pecaminosa e imoral de agentes políticos para beneficiar somente às igrejas evangélicas ao invés de se buscar o bem comum a todos os cidadãos brasileiros. Protestamos contra líderes que oferecem seus púlpitos à propaganda política em troca de favores. Protestamos contra todos aqueles que ambicionam a sua própria glória. Protestamos contra a quebra egocêntrica dos dois maiores mandamentos: amar a Deus e ao próximo.


Final

Por fim, apesar da vergonha que temos tido por levar sobre nós o nome de "evangélicos", reconhecemos que nem todos os chamados por esta alcunha têm agido de forma vergonhosa e antibíblica. Há, ainda, pastores e igrejas vivendo de modo íntegro o verdadeiro Evangelho de Jesus. Existem os que verdadeiramente são perseguidos por causa de Cristo. Muitos ainda têm as Sagradas Escrituras como única regra de fé e prática. O rebanho do Pastor supremo tem sido guiado ainda por genuínos cajados. São cristãos evangélicos que, assim como nós, protestam contra igrejas que se dizem herdeiras do protestantismo, mas que se distanciaram dos fundamentos da Reforma Protestante.

Suplicamos a Deus que tenha misericórdia de nossas igrejas, pois sabemos que o julgamento do Supremo Juiz começará na Sua própria casa. Suplicamos pelo Brasil para que tenha governantes dignos da imagem de Deus que carregam – sejam eles evangélicos ou não. Suplicamos a Deus por nossos pecados. Humilhamo-nos diante de Cristo como cidadãos brasileiros e cristãos evangélicos suplicando ao Senhor por verdadeiras reformas em nossas vidas e neste amado País, o qual a Providência nos deu para bem cuidar como fiéis mordomos.

A Deus somente toda a glória!

Respeitosamente ao povo brasileiro,

Cristãos Reformados

Brasil, Julho de 2006.

terça-feira, junho 20, 2006

Aos Cientistas Ateus e Cristãos


"Os homens tornaram-se cientistas porque esperavam encontrar lei na natureza, e esperavam encontrar lei na natureza porque criam em um Legislador"
(C. S. Lewis)


Se há leis na natureza é porque existe um legislador. Os evolucionistas crêem que ao acaso surgiram as espécies de seres vivos mas, sinceramente, não há como contemplar tamanha perfeição na criação e acreditar que isso é obra da "seleção natural".
Sou estudante da área de saúde e quanto mais aprendo sobre o corpo humano, quanto mais estudo fisiologia, bioquímica e farmacologia mais eu glorifico a Deus por ter sido criado com tanta perfeição.
Não há como estudar tudo isso sem reconhecer ao menos que há um Criador que fez tudo tão perfeito.
E o mais maravilhoso é que tudo isso foi feito para glória Dele.
Obrigado, Senhor por ter me criado e me escolhido.

quinta-feira, maio 25, 2006

Chamados para Sofrer II - A importância do sofrimento


"já vos esquecestes da exortação que vos admoesta como a filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, nem te desanimes quando por ele és repreendido; pois o Senhor corrige ao que ama, e açoita a todo o que recebe por filho. É para disciplina que sofreis; Deus vos trata como a filhos; pois qual é o filho a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos se têm tornado participantes, sois então bastardos, e não filhos." Hebreus 12:5-8


O texto acima demonstra claramente o benefício do sofrimento na vidas dos eleitos de Deus. Se sofrermos, isso faz parte da disciplina de Deus.

Uma vez que tudo coopera para o bem daqueles que são de Cristo (Romanos 8:28), deveríamos ter sempre em mente que tudo que ocorre em nossas vidas é para a nossa própria edificação.

Alguém poderia argumentar que nem tudo que ocorre em nossa vida é da vontade de Deus.

Pois bem, em se tratando de nossos pecados certamente não é da vontade de Deus que pequemos, mas Ele nos permite fazê-lo (até certo ponto).

Se Deus é soberano como as Escrituras o afirmam que são, nada escapa ao Seu controle, então de fato tudo que acontece em nossas vidas depende da permissão e ação de Deus em algum grau.
Vale ressaltar que " E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados." Mt 10:30.

Um outro aspecto interessante do sofrimento do cristão é que ao sofrer reconhecemos que não somos nada e que dependemos profundamente de Deus. É no sofrimento causado pela disciplina de Deus que nos entregamos mais ainda ao Senhor, como está escrito :"e ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo." II Co 12:9

Precisamos da fraqueza para que percebamos o quão dependentes nós somos e o quão maravilhoso é entender que não somos auto suficientes mas que é Deus que provê tudo em nossas vidas.

O sofrimento é a maneira pela qual Deus nos faz crescer espiritualmente.
Uma irmã em Cristo costumava me dizer que pedir mais paciência a Deus é o mesmo que pedir tribulações pois as últimas são o meio pelo qual Ele nos ensina a sermos pacientes.

Um outro objetivo do sofrimento é o de sermos participantes da santidade de Deus como pode ser visto em: “Pois aqueles por pouco tempo nos corrigiam como bem lhes parecia, mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade.” Hebreus 12:10

Um exemplo clássico de crescimento após o sofrimento é o de Jô: “Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas agora te vêem os meus olhos. Pelo que me abomino, e me arrependo no pó e na cinza.” Jô 42: 5-6.

Termino com um texto que serve de consolo em meio ao sofrimento e certeza de que no final iremos agradecer a Deus pelo sofrimento:
“Na verdade, nenhuma correção parece no momento ser motivo de gozo, porém de tristeza; mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos que por ele têm sido exercitados.” Hebreus 12:11

segunda-feira, maio 15, 2006

Chamados para Sofrer


"Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos vossos senhores, não somente aos bons e moderados, mas também aos maus.Porque isto é agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, suporte tristezas, padecendo injustamente.Pois, que glória é essa, se, quando cometeis pecado e sois por isso esbofeteados, sofreis com paciência? Mas se, quando fazeis o bem e sois afligidos, o sofreis com paciência, isso é agradável a Deus.Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas." I Pe 2:18-21

Analisando esse texto, percebemos o porque dele não ser muito pregado nas igrejas que seguem a teologia da prosperidade e do triunfalismo.
Certamente essa não é uma mensagem que atrai muita gente.
Pregar o sofrimento como pertencente ao Mal é uma constante nas igrejas neopentecostais. Fala-se da doença e do sofrimento como provenientes do Maligno.
Mas esse texto nos mostra exatamente o contrário: fomos chamados para sofrer!
Se por causa da nossa consciência para com Deus, viermos a sofrer, isso é agradável a Deus.
Mas por quê se tornou tão raro a compreensão deste conceito?
Porque as pessoas só têm procurado se aproximar de Deus por causa das benesses que Ele pode nos oferecer.
E por quê pensam ser isso possível?
Porque tem se pregado outro evangelho, falando de outro deus que não é o nosso Deus!! O que mais tem sido divulgada é a idéia de um deus servo do homem, que faz e provê tudo que o homem deseja.
Se fosse pregada mesmo a Palavra de Deus, não acredito que seria tão grande o número de “evangélicos” no Brasil.
É bem claro que a Bíblia nos apresenta um Deus Senhor e Soberano que faz o quer e quando quer e a quem quer (Romanos 9:15-16). Mas faz tudo isso com amor e sabedoria.
A mensagem do texto acima não é atraente pelo seguinte motivo também: crentes que testemunhem de Cristo com vidas em busca da santidade estão em falta.
Qual é a qualidade do crente de hoje em dia?
Quantos são os dispostos a viver o evangelho de Cristo com sinceridade de coração?? Pouquíssimos.
Se poucos são os dispostos a testemunhar de Cristo em suas vidas quanto menos ainda não são aqueles que estão dispostos a sofrer pelo evangelho.
Prontos a sofrer pelo testemunho do evangelho.
E o apóstolo Pedro afirma no texto que é melhor sofrer por fazer o que é bom, isto é, por causa da consciência para com Deus. Significa dizer que devemos viver uma vida de tal forma que mesmo que se necessário soframos para que o evangelho seja pregado através de nossas vidas.
Esse é o sofrimento que agrada a Deus.

sexta-feira, abril 28, 2006

C.S.Lewis, "A teologia moderna e a crítica da Bíblia"

Indico esse texto de autoria do C.S Lewis sobre o modo de interpretação bíblica dos liberais.
Foi postado no blog O Tempora, O Mores, por sinal um excelente fonte de reflexões teológicas reformadas.
http://tempora-mores.blogspot.com/1997_10_26_tempora-mores_archive.html

terça-feira, abril 25, 2006

Liberais Não Crêem














Há uma questão que não entendo: porque os liberais se consideram cristãos?
Como não crer na Bíblia como Palavra de Deus? Para os liberais a Bíblia contém a Palavra de Deus e o que é mito. Ora, se fosse assim, quem define o que é mito? Como crêem no que homens definem que é ou não inspirado? E como os liberais se dizem cristãos se não crêem no nascimento virginal, na ressurreição física de Jesus, nos milagres,etc?
Os liberais afirmam que Adão e Eva são um mito que Moisés não escreveu o Pentateuco mas como podem não crer no que Jesus cria e dizia?
"Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher,e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne? Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem." Mt19:4-6

e

" Não vos deu Moisés a lei? no entanto nenhum de vós cumpre a lei. Por que procurais matar-me?" João 7:19

" Pois se crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim ele escreveu.
Mas, se não credes nos escritos, como crereis nas minhas palavras?" João 5:46,47

Se eles não crêem nos escritos de Moisés, isto é, no Pentateuco como um todo, como crerão nas palavras de Jesus?
Outra questão é a ressurreição de Jesus, se os liberais não crêem a "fé" deles é vã (" E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé, e ainda estais nos vossos pecados." I Co 15:17).
Portanto o que fazem os liberais nas igrejas além de desviarem a fé daqueles que ainda não foram regenerados( não estou negando aqui a soberania de Deus na regeneração do eleitos).
Não há razão bíblica para eles se considerarem cristãos visto que não crêem no evangelho de Cristo.
Mas Paulo já nos alertou sobre isso:
" Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério."

terça-feira, abril 18, 2006

Alimentando as Ovelhas ou Divertindo os Bodes?

Existe um mal entre os que professam pertencer aos arraiais de Cristo, um mal tão grosseiro em sua imprudência, que a maioria dos que possuem pouca visão espiritual dificilmente deixará de perceber. Durante as últimas décadas, esse mal tem se desenvolvido em proporções anormais. Tem agido como o fermento, até que toda a massa fique levedada. O diabo raramente criou algo mais perspicaz do que sugerir à igreja que sua missão consiste em prover entretenimento para as pessoas, tendo em vista ganhá-las para Cristo. A igreja abandonou a pregação ousada, como a dos puritanos; em seguida, ela gradualmente amenizou seu testemunho; depois, passou a aceitar e justificar as frivolidades que estavam em voga no mundo, e no passo seguinte, começou a tolerá-las em suas fronteiras; agora, a igreja as adotou sob o pretexto de ganhar as multidões.
Minha primeira contenção é esta: as Escrituras não afirmam, em nenhuma de suas passagens, que prover entretenimento para as pessoas é uma função da igreja. Se esta é uma obra cristã, por que o Senhor Jesus não falou sobre ela? “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15) — isso é bastante claro. Se Ele tivesse acrescentado: “E oferecei entretenimento para aqueles que não gostam do evangelho”, assim teria acontecido. No entanto, tais palavras não se encontram na Bíblia. Sequer ocorreram à mente do Senhor Jesus. E mais: “Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Ef 4.11). Onde aparecem nesse versículo os que providenciariam entretenimento? O Espírito Santo silenciou a respeito deles. Os profetas foram perseguidos porque divertiam as pessoas ou porque recusavam-se a fazê-lo? Os concertos de música não têm um rol de mártires.
Novamente, prover entretenimento está em direto antagonismo ao ensino e à vida de Cristo e de seus apóstolos. Qual era a atitude da igreja em relação ao mundo? “Vós sois o sal”, não o “docinho”, algo que o mundo desprezará. Pungente e curta foi a afirmação de nosso Senhor: “Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos” (Lc 9.60). Ele estava falando com terrível seriedade!
Se Cristo houvesse introduzido mais elementos brilhantes e agradáveis em seu ministério, teria sido mais popular em seus resultados, porque seus ensinos eram perscrutadores. Não O vejo dizendo: “Pedro, vá atrás do povo e diga-lhe que teremos um culto diferente amanhã, algo atraente e breve, com pouca pregação. Teremos uma noite agradável para as pessoas. Diga-lhes que com certeza realizaremos esse tipo de culto. Vá logo, Pedro, temos de ganhar as pessoas de alguma maneira!” Jesus teve compaixão dos pecadores, lamentou e chorou por eles, mas nunca procurou diverti-los. Em vão, pesquisaremos as cartas do Novo Testamento a fim de encontrar qualquer indício de um evangelho de entretenimento. A mensagem das cartas é: “Retirai-vos, separai-vos e purificai-vos!” Qualquer coisa que tinha a aparência de brincadeira evidentemente foi deixado fora das cartas. Os apóstolos tinham confiança irrestrita no evangelho e não utilizavam outros instrumentos. Depois que Pedro e João foram encarcerados por pregarem o evangelho, a igreja se reuniu para orar, mas não suplicaram: “Senhor, concede aos teus servos que, por meio do prudente e discriminado uso da recreação legítima, mostremos a essas pessoas quão felizes nós somos”. Eles não pararam de pregar a Cristo, por isso não tinham tempo para arranjar entretenimento para seus ouvintes. Espalhados por causa da perseguição, foram a muitos lugares pregando o evangelho. Eles “transtornaram o mundo”. Essa é a única diferença! Senhor, limpe a igreja de todo o lixo e baboseira que o diabo impôs sobre ela e traga-nos de volta aos métodos dos apóstolos.
Por último, a missão de prover entretenimento falha em conseguir os resultados desejados. Causa danos entre os novos convertidos. Permitam que falem os negligentes e zombadores, que foram alcançados por um evangelho parcial; que falem os cansados e oprimidos que buscaram paz através de um concerto musical. Levante-se e fale o alcoólatra para quem o entretenimento na forma de drama foi um elo no processo de sua conversão! A resposta é óbvia: a missão de prover entretenimento não produz convertidos verdadeiros. A necessidade atual para o ministro do evangelho é uma instrução bíblica fiel, bem como ardente espiritualidade; uma resulta da outra, assim como o fruto procede da raiz. A necessidade de nossa época é a doutrina bíblica, entendida e experimentada de tal modo, que produz devoção verdadeira no íntimo dos convertidos.

por Charles H. Spurgeon

terça-feira, março 28, 2006

Ser ovelha é ouvir a voz do Pastor


"De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes.
Quando vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os meus átrios?
Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação. As luas novas, os sábados, e a convocação de assembléias ... não posso suportar a iniqüidade e o ajuntamento solene!
As vossas luas novas, e as vossas festas fixas, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer.
Quando estenderdes as vossas mãos, esconderei de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue.
Lavai-vos, purificai-vos; tirai de diante dos meus olhos a maldade dos vossos atos; cessai de fazer o mal;
aprendei a fazer o bem; buscai a justiça, acabai com a opressão, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva." Isaías 1:11-17


Essas duras palavras foram proferidas por Isaías ao povo de Israel.
Na ocasião, o profeta advertia o povo sobre seus pecados. Os israelitas haviam se afastado da prática da Lei de Deus. Pior que isso, eles continuavam a praticar parte dela(sacrifícios, festas de Lua nova, assembléias) esquecendo-se totalmente do propósito que elas possuiam e vivendo dissolutamente.
Ao invés de ficar criticando o povo de Israel, pretendo traçar alguns paralelos entre a situação do povo de Israel e a nossa situação como povo de Deus hoje.
Guardadas as devidas peculiaridades pertinentes a época, nosso comportamento muitas vezes se assemelha em muito com o povo de Israel.
Quando vivemos uma vida de aparências(somos uma pessoas na frente dos cristãos e outra na frente dos não crentes) estamos praticando o mesmo tipo de hipocrisia que o povo de Israel. Quando participamos dos cultos e cantamos e declaramos com nossas bocas aquilo que não temos vivido estamos agindo com hipocrisia. Deus sabe o que vai no seu coração. Sempre.
Quando declaramos que o amamos mas nossos atos não demonstram estamos agindo da mesma forma que eles, pois amor na Biblia é atitude e não sentimento ("Se me amardes, guardareis os meus mandamentos." João14:15)

Um outro problema daquele povo era o senso de eleição sem que isso implicasse em mudança de vida. Certeza da salvação não é desculpa para sair pecando indissolutamente. Ao contrário aquele que é do Senhor se incomoda com o pecado. Uma característica da ovelha é ouvir a voz do seu Pastor.
Portanto, meu amigo, se você não se incomoda com o pecado das duas uma: ou você não tem o Espírito Santo( e não é salvo) ou você está muito longe da comunhão com Deus.
Mesmo nesse último caso, o cristão (me refiro ao padrão bíblico) ouve a voz de Deus. "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem;" João 10:27
Não estou dizendo que a salvação é fruto de obras mas o contrário que boas obras são fruto de corações transformados por Jesus Cristo.
O que Deus requer de nós é que busquemos Sua face e que Ele nos purifique de todo o pecado.
Somente Jesus pode fazer isso em nós.
Devemos , como disse Paulo, fazer morrer nossa natureza terrena para que nossas vidas glorifiquem em tudo a Deus ("Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus." I Co 10:31)
Que para tanto, Deus nos inunde com Sua graça purificadora, afim de que venhamos praticar Sua Palavra. " Lavai-vos, purificai-vos; tirai de diante dos meus olhos a maldade dos vossos atos; cessai de fazer o mal; aprendei a fazer o bem; buscai a justiça, acabai com a opressão, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva."


Que é um Evangélico?
por
Michael Horton
Os rótulos geralmente são confusos, especialmente quando o conteúdo da embalagem muda. Suco de uva pode virar vinagre com o passar dos anos na adega, porém o rótulo não muda junto com as mudanças na substância. O mesmo vale para o termo evangélico".
Desde o "Ano do Evangélico", correspondente ao bicentenário de nossa nação (no caso os EUA) em 1976, o termo - pelo menos na América do Norte - veio a identificar aqueles que salientam um determinada marca da política, uma abordagem moralista e freqüentemente legalista da vida, e certo tipo de imitação, "cafona" de estilo de evangelismo. Para alguns o termo compreende o emocionalismo que eles vêem na televisão religiosa. Para outros, hipocrisia e justiça própria. E aí há as memórias que muitos de nós, que fomos criados como evangélicos, temos: ambientes familiares fortes e cuidadosos; um senso de pertencer a um mesmo lugar, com os amigos que gostam de conversar das "coisas do Senhor".
Independente do seu passado, é importante entender o significado do termo "evangélico".
As pessoas só começaram a usar o rótulo no século XVI, designando aqueles que abraçaram o Evangelho que havia - num sentido bem real - sido recuperado pela Reforma Protestante naquele século. "Evangélico" vem de "evangel", que é o termo grego para "evangelho". Deste modo, os "evangélicos" eram luteranos e calvinistas que queriam recuperar o evangel e proclamá-lo dos altos dos telhados. Era uma designação empregada para colocar os Protestantes num agudo contraste com os Católicos Romanos e "seitas". Mas para entender por que estes Protestantes pensavam que eram realmente aqueles que recuperaram o verdadeiro e bíblico Evangelho, temos que entender o que era aquele evangelho.
O "Evangel"
A Reforma era uma coleção de "solas" - esta é a palavra latina para "somente". Eles vibravam ao dizer "Sola Scriptura!", significando, "Somente as Escrituras". A Bíblia era a "única regra para fé e prática" (Westminster) para os reformadores. Você vê que a igreja acreditava que a Bíblia era totalmente inspirada e infalível, mas a igreja era o único intérprete infalível da Bíblia. Os Reformadores acreditavam que a Tradição era importante e que os Cristãos não a deveriam interpretar por eles mesmos, mas que todos os cristãos sejam clérigos ou leigos, deveriam chegar a um comum entendimento e interpretação das Escrituras juntos. A Bíblia não deveria ser exclusivamente deixada aos "espertos", mas isso nunca significou para os Reformadores que cada cristão deveria presumir que ele ou ela pudessem chegar a interpretações da Bíblia sem a orientação e assistência da Igreja.
O principal ponto de "Sola Scriptura" então, era este: Não deveria ser permitido à Igreja fazer regras ou doutrinas fora das Escrituras. Não existem novas revelações, nem papas que ouvem diretamente a voz de Deus, e nada que a Bíblia não apresente deveria ser ordenado aos cristãos.
O segundo "sola" era "Solo Christus", "Somente Cristo". Isto não queria dizer que os Reformadores não criam na Trindade - pois o Pai e o Espírito Santo eram igualmente divinos, mas que Cristo, sendo o "Deus-Homem" e nosso único Mediador, é o "Homem de frente" para a Trindade. "Aquele que me vê a Mim, vê ao Pai que me enviou", disse Jesus. Num tempo em que meros seres humanos estão tomando o lugar de Cristo como Mediador entre Deus e cristãos, os reformadores proclamaram juntamente com Paulo: "Há somente um Deus e um Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem" (1 Tim. 2: 5). Eu cresci em igrejas onde tínhamos "apelos ao altar" e esta pode ser a coisa mais próxima que nós cristãos modernos temos do "chamado ao altar" medieval, a missa. Em nossas igrejas, o pastor atuaria como mediador, vendo nossa mão levantada "enquanto cada cabeça está baixa e cada olho fechado", e nós iríamos para a frente onde ele estava, o chamado "altar" e repetiríamos uma oração após ele. Então ele afirmaria que, tendo "feito a oração", nós agora estaríamos salvos. Eu me lembro de ter sido "salvo" novamente, e novamente. Quando me senti culpado após uma particular e desagradável noite de sábado, lá ia eu novamente ao altar. Cristãos medievais estavam sempre apavorados até a morte, por ver que poderiam morrer com pecados não confessados e assim iriam para o inferno. Assim, a missa era uma oportunidade de "estar em dia com Deus" e de "encher a banheira" que tinha tido um vazamento por causa do pecado.
Os reformadores, porém, diriam àqueles dentre nós que vivem ansiosos quanto ao fato de estar ou não dentro do favor de Deus, ou se estamos cedendo demais ou obtendo vitória: "Somente Cristo!" É a Sua vida e não a nossa, que conta para a nossa salvação; foi a Sua morte sacrificial e ressurreição vitoriosa que nos assegurou vida eterna. Porque Ele "entregou tudo"; o Seu mérito cobre totalmente o nosso demérito.
E isso nos traz ao próximo "sola" - "Sola Gracia" (Somente a Graça!) Roma acreditava na graça; de fato, a Igreja insistia que, sem a graça, ninguém poderia ser salvo. Só que a graça era o tipo de "um pó mágico" que ajudava a pessoa a viver uma vida melhor - com a ajuda de Deus. Os reformadores, em contrapartida, diziam que a graça não é uma substância que Deus nos dá para vivermos uma vida melhor, mas sim uma atitude em relação a nós, aceitando-nos como justos por causa da santidade de Cristo, e não nossa.
Por isso eles lançaram o quarto "somente" (sola), que sabemos ser "Sola Fide" (somente a fé). Considerando que somos salvos somente pela graça, como obtemos essa graça? Roma argumentava que essa graça era distribuída pela igreja através dos vários métodos que os "altos escalões" haviam inventado. Fé mais amor, ou fé mais boas obras, ou alguma coisa assim, tornou-se a fórmula para a salvação. Os reformadores ao contrário, insistiam que do início ao fim, "salvação é obra do Senhor" (João 2: 9). "O Espírito dá vida; o homem em nada colabora" (João 6: 55). "Não depende da decisão, nem do esforço do homem, mas da misericórdia de Deus" (Rom 9: 16). Assim a fé em si mesma é um dom da graça de Deus e não se pode dizer dela que seja "a coisa" que nós fazemos na salvação: Pois nós não somos nascidos da vontade da carne ou da vontade do homem, mas de Deus" ( João 1: 13).
No minuto em que uma pessoa olha para "Cristo somente" para sua salvação, dependendo da Sua vida santa e sacrifício substitutivo na cruz, naquele exato momento ela ou ele é justificado (posto em posição de justiça, declarado justo, santo, perfeito). A própria santidade de Cristo é imputada (creditada) na conta do crente, como se ele ou ela tivessem vivido uma vida perfeita de obediência - mesmo enquanto aquela pessoa continua a cair repetidamente no pecado durante sua vida. O Cristão não é alguém que está olhando no espelho espiritual, medindo a proximidade de Deus pela experiência e progresso na santidade, mas é antes alguém que está "olhando para Cristo, o Autor e Consumador da nossa fé"( Heb. 12: 2). Resumindo, é o estilo de vida de Cristo, não o nosso, que atinge os requisitos de Deus, e é por Ele que a justiça pode ser transferida para nossa conta, pela fé (olhando somente para Cristo).
Finalmente, os reformadores disseram que tudo isso significa que Deus é quem tem todo o crédito. "Soli Deo Gloria" (Somente a Deus seja a Glória) era a forma que eles colocavam - nosso último "sola", que quer dizer, "A Deus somente seja a Glória" Um evangélico, portanto, era centrado em Deus; alguém que estava convencido de que Deus havia feito tudo e que não restava nada que o homem considerasse seu a não ser seu próprio pecado. Isto não apenas transformou radicalmente a vida devocional dos crentes que o abraçaram, mas toda a estrutura social também.
Numa velha taverna do século XVII em Heidelberg, na Alemanha, lê-se no alto "Soli Deo Gloria!" Johann Sebastian Bach, o famoso compositor, assinou todas as suas composições com aquele slogan da Reforma. Do mesmo modo, um outro compositor, Handel, declarou, "Que privilégio é ser membro da igreja evangélica, saber que meus pecados estão perdoados. Se nós fossemos deixados à mercê de nós mesmos, meu Deus, o que seria de nós?" Grandes e nobres vidas requerem grandes e nobres pensamentos, e a soberania e a graça de Deus são, para o crente, grandes e nobres pensamentos. Os reformadores disseram a Roma o que J.B.Philipps, o tradutor inglês da Bíblia, disse à igreja contemporânea: "O Deus de vocês é muito pequeno".
A Reforma, a qual produziu o termo "evangélico", também recuperou a doutrina bíblica do "sacerdócio universal de todos os santos" e a noção bíblica do chamado e vocação. A igreja tinha dividido os cristãos em primeira classe (aqueles que serviriam no "ministério cristão em tempo integral") e segunda classe (aqueles que estavam empregados em serviços "seculares"). Os reformadores concediam, por direito, que todos os cristãos são sacerdotes e são, por isso, ministros de Deus, independente de estarem varrendo uma sala para a glória de Deus, moldando uma peça de cerâmica, defendendo um cliente na corte, curando um paciente, ordenhando uma vaca, ou conduzindo uma congregação no louvor. Não há o "secular" e o "sagrado" - Deus criou o mundo inteiro e fez a vida neste mundo como algo inseparável de nossa própria humanidade.
Como nós ajustamos as coisas hoje?
A questão, é claro, é se "evangélico" hoje significa o que significou há quinhentos anos.
Em primeiro lugar, muitos dos evangélicos de hoje têm uma visão das Escrituras inferior à que a igreja de Roma tinha no século XVI. Instituições evangélicas de peso duvidam da confiabilidade da Bíblia e de sua infalibilidade - a menos, claro, que se trate daquilo que eles já decidiram que é verdade. Outros acreditam que a Bíblia é inerrante, porém acrescentam novas regras e revelações ao cânon. "A Bíblia é suficiente", nos aconselhariam os reformadores. Os sermões, com muita freqüência, são "pop-inspiracionalistas" discursos superficiais de "Como criar filhos positivos" ou "Como ter uma auto-estima" em detrimento de sérias exposições das Escrituras. De acordo com o Gallup, "Os EUA são um país de iletrados bíblicos", ainda que 60 milhões deles se consideram "evangélicos".
Em segundo lugar, muitos evangélicos modernos também não acreditam que Cristo é suficiente. Às vezes pessoas muito boas e nobres substituem Cristo como nosso único Mediador, assim como o Espírito Santo. Enquanto louvamos o Espírito juntamente com o Pai e o Filho, o Filho tem este papel único de nosso único advogado e Mediador. Não devemos olhar para a obra do Espírito nos nossos corações, mas para a obra de cristo na cruz. Às vezes, nós temos mediadores humanos que não são o Deus-Homem Jesus Cristo. Precisamos de outras coisas pelo meio, como a figura do pastor no "apelo" do altar ao qual me referi anteriormente. Não muito tempo atrás eu vi um tele-evangelista de sucesso tirando o fone do gancho e informando seus telespectadores que "esta é sua conexão com Deus". Uma banda secular, "Depeche Mode", canta sobre "Seu próprio Jesus Pessoal" que pode ser contactado ao se pegar no fone e fazendo sua confissão. Enquanto estivermos neste assunto, também deveríamos mencionar que foi a venda de indulgências de John Tetzel (redução do período no purgatório em troca de valores em dinheiro) que inspirou as "Noventa e Cinco Teses "de Lutero, desencadeando a Reforma. "Quando a moeda bate no cofre", o coro cantava, "uma alma do purgatório é vivificada". Será que isso realmente é diferente da venda da salvação que temos visto na televisão cristã, rádio, e mesmo em muitas igrejas? Dinheiro e salvação têm sido distorcidos para serem uma coisa só no meio de muitos de nós. "Eles vendem salvação a você", canta Ray Stevens, "enquanto eles cantam 'Amazing Grace' ('Graça Maravilhosa')".
Muitos evangélicos hoje crêem que "Somente a Graça" (sola gracia) é algo como livre-arbítrio, uma decisão, uma oração, uma ida até a frente, uma segunda bênção, algo que nós façamos por Deus que nos dará confiança de sermos alvo do Seu favor. Doutrinas como eleição, justificação e regeneração são discutidas quase que nunca, porque elas mostram o quadro de uma humanidade que é incapaz e nem ao menos pode cooperar com Deus em matéria de salvação. Se nós formos salvos é Deus e Deus somente que deverá faze-lo.
E sobre "Somente a Fé" (sola fide)? Muitos evangélicos acham que a fé não é suficiente. Se um indivíduo crê em Cristo e daí sai e o anuncia, será que a fé é suficiente? Alguns insistem que a fé mais a entrega, ou a fé mais a obediência, ou fé mais um sincero desejo de servir ao Senhor servirão como uma fórmula. O fato de que os evangélicos hoje lutam com estas questões indica que nós não ouvimos o "som seguro" de "Somente a Fé" em nossas igrejas. Fé é suficiente porque Cristo é suficiente.
Como se comparariam os evangélicos de hoje com os seus predecessores em matéria de "Somente a Deus seja a Glória"? Auto-estima, glória-própria, centralidade do "eu" parecem dominar a pregação, ensino e a literatura popular do mundo evangélico. Os evangélicos de hoje sabem muito pouco do grande Deus dos reformadores - um Deus que faz tudo conforme o Seu agrado, em relação aos céus e às pessoas sobre a terra e "que faz tudo conforme o conselho da Sua vontade" (Dn. 4; Ef. 1: 11). Os evangélicos hoje, refletindo sua cultura e sociedade mais ampla, estão intimidados por um Deus que é Deus. Porém que outro Deus é digno de confiança? Em poucas palavras, que outro Deus existe? Louvar ao Deus de uma experiência pessoal ou o Deus de preferência pessoal é louvar um ídolo. Os reformadores levaram isso a sério, e aqueles que quiserem ser evangélicos genuínos também devem faze-lo.
Conclusão
Muitas pessoas se perguntam por que o povo da "Reforma" parece bravo. Ninguém quer estar ao redor de pessoas bravas - e eu não gostaria de ser conhecido como uma pessoa "brava". Mas precisamos encarar o fato de que estes são tempos de grande infidelidade para o povo de Deus. A nós foi dada uma fé rica, com Cristo no centro. Porém trocamos nossa rica dieta por um saco de pipocas e estamos mal nutridos. Se os evangélicos terão a mesma saúde espiritual que tiveram em épocas passadas, eles terão que voltar para as verdades que fazem de "evangélicos" "evangélicos". A Bíblia - nosso único fundamento; Cristo - nossa única esperança; Graça - nosso único evangelho; Fé - nosso único instrumento; a Glória de Deus - nosso único alvo; o Sacerdócio de todos os santos - nosso único ministério. Este evangelicalismo original ainda é suficiente para fazer, mesmo de nossas menores vitórias, algo muito grande.
Nota Sobre o Autor: Dr. Michael Horton é professor no Seminário Teológico Reformado, Orlando-Flórida e editor da revista Modern Reformation.
Extraído do Jornal "Os Puritanos" Ano V - Número 3
Extraido do site monergismo.com